Política: é preciso aprender o que ouvir... e o que não ouvir
EDITORIAL - A mídia e as redes sociais não podem substituir a imprensa, sob risco de manipulação da opinião pública por pessoas nem sempre bem intencionadas.
Por Paulo Campos dia em Eventos e Ações OTB
Agência Trabalhador, 26/07/2018, 20:00 h – São Paulo
Circulou hoje pelos veículos de comunicação a retirada de um sem número de páginas que divulgavam notícias falsas – as fake news – com as intenções mais diversas.
Não vamos questionar quais os motivos que levam pessoas a veicular notícias falsas. Por vezes querem vender produtos ou desviar a atenção de algum assunto, porém, quando a veiculação desse tipo de informação tem conotação política atinge de maneira contundente a democracia.
A sociedade depende da informação para decidir o que deve ou não ter apoio, o ponto controverso é que notícias estão sendo distribuídas a cada momento, mais por redes sociais que pela mídia tradicional.
Dois fenômenos podem ser observados: o primeiro é o surgimento de uma “indústria” de fake news com o claro intento de construir – ou destruir – a imagens de pessoas, partidos ou instituições e o segundo é o declínio da mídia tradicional.
Neste momento de transição os ataques são fortes e veementes. De um lado pequenos movimentos políticos que usam das redes sociais para divulgar e – alguns – manipular a opinião pública sofreram com a retirada destas páginas que eram sua maior força de expressão.
Do outro lado, a mídia se uniu para, mais uma vez tentar manter o monopólio da informação, cerceando o poder de comunicação das mídias não “tradicionais”.
A investigação de “fazedores de fake news" que ocorre em todo o mundo e está incipiente no Brasil é medida necessária e este ponto é inegociável – bastam análises superficiais para detectar diversas notícias sem fundamento como Bolsonaro ter apresentado projeto para separar bolsas de sangue doadas por homossexuais ou o filho do ex-presidente Lula ser o dono da JBS – já a informação que corre pelas redes sociais é importante por ter natureza democrática e também por diminuir a influência dos grandes conglomerados da mídia.
Neste embate, ganha o leitor.