Agência Trabalhador – São Paulo

Paulo Campos é Vice-Presidente Nacional da Ordem dos Trabalhadores do Brasil

Artigo: A pandemia do coronavírus alterou diversas coisas nas relações de trabalho. A mais visível foi a adoção de políticas de home office nas empresas brasileiras, o que não era prática comum. Nesse sentido, diversos foram os dirigentes de empresas, tanto públicas quanto privadas, que perceberam que deixar as pessoas trabalharem de casa não diminuía a produção e diminuía bastante custos administrativos.

Melhor dos mundos para empresários e governantes. O prefeito Bruno Covas, por exemplo, antes de falecer, instituiu o home office como política permanente da administração da maior cidade do país, São Paulo.

Os trabalhadores, por outro lado, no início receberam a novidade com alegria, porém a realidade não é tão simples.

Se por um lado, o trabalhador evita o trânsito ou o transporte público lotado, por outro precisa “montar” um mini-escritório em casa. Um local onde possa assumir suas atividades sem interferência da rotina da casa. Se o home office provou a eficiência dos aplicativos de reunião, por outro, afastou equipes e demandou maior capacidade do gerente para administrar trabalhos conjuntos.

A solução encontrada foi a relação híbrida de trabalho, onde o funcionário permanece um período da semana trabalhando em casa e outro no escritório.

Este formato, que funciona para as empresas, vem causando problemas de saúde decorrentes do estresse. Levantamento do grupo suiço Adecco, demonstrou que 32% das pessoas entrevistadas relataram pior da saúde mental durante o trabalho à distância (a pesquisa foi feita em diversos países e alcançou 15 mil pessoas).

Os mais afetados tem sido os líderes. Quanto mais jovem a liderança, maior tem sido o desgaste. Líderes mais novos tem relatado que estão sofrendo mais com a Síndrome de Burnout e deterioramento mental, que os mais velhos.

Outro fator de desgaste da jornada híbrida (casa/escritório) é a necessidade de se “carregar” o laptop de um lado para outro, junto com materiais ou papeis importantes para aquele dia, organizar onde estão coisas importantes que serão necessárias, conciliar rotinas diferentes dentro da mesma semana, com ou sem deslocamento, com ou sem ausência de casa, e muitos outros fatores de desgaste e estresse.

A reclamação é que, embora estejam produzindo normalmente e trabalhando em casa, a carga de trabalho tem aumentado muito.

Muitos profissionais com Síndrome de Burnout, que foi incluída no rol de doenças da OMS – Organização Mundial de Saúde, é resultado esperado. A síndrome pode levar a doenças como hipertensão, depressão, problemas gástricos, problemas cardíacos e alcoolismo.