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Organizações sociais como nossa OTB tem papel importante na democracia. Foto: acervo OTB
Por Paulo Campos dia em OTB no Brasil

Agência Trabalhador – São Paulo
Anderson Luna é Presidente da OTB - Ordem dos Trabalhadores do Brasil
EDITORIAL – Ontem assistimos perplexos a invasão da Praça dos Três Poderes pelo grupo terrorista nascido da mistura do incentivo à violência promovido pelo ex-presidente com sentimento de nacionalismo equivocado construído em redes sociais.
O silêncio prolongado de Jair Bolsonaro nos dois meses antes de deixar o cargo, somado ao incentivo de lideranças diversas da extrema-direita brasileira à permanência de militantes radicais junto às portas dos quartéis, criou essa mistura explosiva de resultado mais que previsível, na medida em que, dia após dia, não acontecia o golpe de estado esperado.
Atos de violência com quebra-quebra em Brasília, no meio de dezembro, destruindo prédios e queimando veículos particulares foi sinal de que a paciência deste grupo estava no fim e que partiriam para aterrorizar a população.
O artigo 20 da Constituição diz que é crime “praticar atentado pessoal ou atos de terrorismo por inconformismo político”.
Ainda mais nefasto que os atos praticados pelos inconformados é sua motivação. Iludidos por fakenews, historietas inventadas e narrativas distorcidas, essas milhares de pessoas acreditam em fantasmas criados sob medida para gerar desespero e medo.
Fantasias como a implantação do comunismo no país – que colocaria pessoas para morar em suas casas de dividiria seus bens. Criação de uma moeda única com a Venezuela, aliança com Cuba, se juntam a velhas mentiras como a mamadeira de piroca, que transformaria recém-nascidos em bebês gays, e ideologia de gênero que nunca existiu. Tudo para fazer com que esta parcela da população se mantenha atemorizada e disposta a ir presa para impedir.
Em anos e anos de governos de esquerda no país, nunca aconteceu nada nem próximo, porém existe clara manipulação para que estes atores não consigam clareza no raciocínio.
Os eventos de ontem foram o ato final desta farsa. Escoltados por policiais e praticamente liberados pelo governo do Distrito Federal, extremistas terroristas conseguiram acesso à Esplanada dos Ministérios e foi fácil romper a barreira de cerca de apenas 20 policiais que protegiam o núcleo do governo brasileiro.
Acreditando que promoviam um golpe de estado que deporia o presidente eleito e recolocaria no poder o perdedor das eleições, acreditando sobremaneira que são a maioria, estes brasileiros que se diziam patriotas se transformaram, lentamente e sem que eles mesmos percebessem em terroristas capazes de atrocidades. Agredindo quem quer que estivesse no caminho, inclusive policiais e destruindo tudo que estivesse ao alcance em espetáculo dantesco.
O artigo 5º da Constituição diz que “tentar, diretamente e por fato, mudar, por meios violentos, a Constituição, no todo ou em parte, ou a forma de governo por ela estabelecida. Pena: 3 a 10 anos aos cabeças e de 2 a 6 anos, aos demais agentes, quando não couber pena mais grave”.
Os eventos de ontem demonstraram o pior da extrema-direita: A violência e o ódio.
Mais de uma vez afirmamos que é salutar a alternância de poderes. É princípio da Ordem dos Trabalhadores do Brasil que defendemos com convicção. Não há problema algum em termos no Brasil governos de direita e de esquerda com seus fundamentos que, de modos diferentes, tem por objetivo o crescimento da nação e melhoria da qualidade de vida da população. Disputa-se a eleição, quem tiver melhor proposta vence, o perdedor o cumprimenta e parte para a natural oposição.
O problema começa quanto, tanto de direita como de esquerda, há extremismo.
Radicalizados, ambos os movimentos são capazes de atos hediondos, mesmo porquê, simplificando, extremista não quer debate com seu opositor, quer extinção do contrário.
No momento não há (houve no passado) extremistas de esquerda no Brasil, exceto naturalmente pequenos grupos inexpressivos, porém os acontecimentos de ontem demonstram a naturalização de ideologias que, por suas características, podem ser denominadas fascistas, por seguirem todos os passos de fascismos acontecidos no passado, como o italiano, o espanhol, o português, o francês e o fascismo alemão - que incluiu em sua paleta a eugenia – denominado nazismo.
Seguimos como democracia, que será fortalecida por estes acontecimentos e a nossa OTB tem orgulho das instituições brasileiras que foram capazes de suportar, com tranquilidade, este ataque.