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Editorial: 8 de janeiro: a origem

Bombardeio de fakenews em grupos fechados alimentaram o fenômeno. Foto: Paulo Campos, Vice-Presidente Nacional, acervo OTB

Por Paulo Campos dia em OTB no Brasil

Editorial: 8 de janeiro: a origem
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Agência Trabalhador – São Paulo

Paulo Campos é Vice-Presidente Nacional da OTB – Ordem dos Trabalhadores do Brasil

“Não havia corrupção na ditadura militar”, “a esquerda vai implementar o comunismo”, “houve fraude nas eleições”, “vão promover a ‘ideologia de gênero’”, Brasil vai virar uma Cuba, uma Venezuela ou uma Coréia do Norte”.

São infindáveis as fakenews propagadas pela extrema-direita, algumas mais complexas, outras absurdas, ambas não resistindo a uma simples pesquisa no Google.

Veículos de comunicação se uniram e promoveram a “caça às fakenews”, publicando as mentiras com um grande rótulo “fake!”, mas não adiantou. A imprensa tradicional estaria “vendida” e compactuaria com “eles” (seja lá quem “eles” forem).

Essa descrença à imprensa tradicional que foi provocada propositalmente para que uma parcela da população não procurasse saber sobre a realidade de qualquer assunto, aliada à vulnerabilidade da população idosa – ou perto disso* - a discursos que provocam medo ao ameaçar o mundo que conhecem e onde estão confortáveis, radicalizou os mais velhos.

Idosos, incluindo os pré-idosos são bastante mais propensos ao nacionalismo que parcelas mais jovens da população e movimentos extremistas se aproveitam disso para, utilizando ferramentas da internet, atingir esse público com discursos populistas, como a extrema-direita fez (e continua fazendo) aqui no Brasil, ou como fez o ex-presidente Donald Trump nos EUA com seu slogan  “Faça a América Grande Novamente”.

Idosos não podem e não devem ser estigmatizados como fascistas ou extremistas.

Outros exemplos da capacidade de mobilização que a manipulação dessa população tem são a chegada ao poder de partidos como o “Lei e Justiça” na Polônia e o “Fidesz” na Hungria (onde o “Bolsonaro” de lá, Viktor Orbán teve êxito em instituir sua ditadura, ao assumir poderes emergenciais** por prazo indeterminado com a desculpa de combater a epidemia de Covid-19, permitindo ao líder governar por decreto, anulando o Parlamento. Sem o apoio dos idosos estes partidos nunca estariam governando.

Como desradicalizar?

É preciso empoderar gradativamente o idoso. Valorizando sua experiência, incluindo-o na sociedade, fazendo com que tenha participação e instrução, inclusive com cursos criados para, além de promover sua socialização, faça com que conquistem instrumentos e habilidade para discernir entre o que é fakenew  e o que é notícia verdadeira.

Outra medida é evitar o tédio brutal que atinge esta parcela da população, que não tem opções de laser ou de socialização ou insistindo, de participação na sociedade. Movimentos políticos exploraram esta situação, dando sentido e emoção às suas vidas.

Afinal, estão “lutando pela liberdade”, “lutando pelo Brasil”, embora acreditem, de maneira equivocada, que liberdade se conquista com o fim das liberdades e o isolamento internacional do país.

Outra motivação explorada pelos manipuladores é a preocupação financeira. “Como ficaremos se o ‘comunismo’ tomar tudo que construímos, nossas aposentadorias?”. O medo advém da falta de debate sobre o assunto.

Falta explicação, falta discussão, falta mesmo uma campanha de construção de conhecimento para que as pessoas tenham elementos para discernir por conta própria. Não se trata de propaganda de esquerda, mas de informação baseada na história, baseada em acontecimentos internacionais, em fatos que provenham conhecimento a esta parcela da população.

É preciso valorizar o idoso.  A nostalgia que eles sentem do passado pode ser boa  e deve ser valorizada, desde que junto à valorização se faça com que compreendam que não há como recriar aquela realidade.

O mundo mudou, todos nós mudamos.

E isso é ótimo!

 

*maioria dos presos no 8 de janeiro tinha entre 50 e 59 anos, bastante perto dos 60 anos necessários para serem considerados idosos.

** até o momento, entre outras medidas, Orbán cancelou leis trabalhistas, suspendeu proteção de dados e colocou hospitais e 150 companhias estatais sob controle militar.

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