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Editorial: Extremista? Quem, eu?

A impressionante naturalização do extremismo político. Foto: jornal português-canadense Milénio Stadium

Por Paulo Campos dia em OTB no Brasil

Editorial: Extremista? Quem, eu?
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Agência Trabalhador – São Paulo

Paulo Campos é Vice-Presidente Nacional da OTB – Ordem dos Trabalhadores do Brasil

No dicionário¹:
Extremista é quem é adepto do extremismo, de ideologia política que utiliza medidas radicais e extremas para resolver os problemas sociais. Por Extensão, quem impõe radical e autoritariamente, geralmente através do uso de violência, uma ideologia, uma causa, uma religião; fanático.

O recrudescimento dos movimentos políticos extremistas no mundo, fenômeno inicialmente creditado à rejeição às migrações para o continente europeu que tiveram início principalmente – e não somente – nas convulsões sociais resultantes do que foi conhecido como Primavera Árabe², acabou refletindo na política brasileira, inicialmente como um movimento desacreditado que, após a vitória de Bolsonaro em 2018, tornou-se representativo de parcela significativa da população.

Não impressiona alternância de poder entre esquerda e direita. Se trata de movimentos naturais dentro de uma sociedade democrática saudável. O que impressiona é a naturalidade com que representantes da sociedade, de repente, passaram a se apresentam como extremistas. Sou de “extrema-direta” tornou-se aceitável.

Comparação ao extremismo religioso

Para explicar a incredulidade, podemos sair do campo político e analisar a questão sob o viés religioso. Citando o doutor Jonh Graz, que representa o pensamento da Igreja Adventista do Sétimo dia nos EUA – evitando líderes tupiniquins que também se identificam com o extremismo – Graz disse lá em 2018;

“O extremista não aceita que o outro tenha religião... um extremista é alguém que não aceita os outros, que os outros podem ter opiniões diferentes. Um extremista é alguém que quer impor sua opinião sobre os outros, quer forçá-los. O extremista não pode imaginar um mundo com pessoas diferentes”

O extremista político age de maneira exatamente igual.

Uma nova direita

A característica de não aceitar que exista “outro lado” se aplica da mesma maneira ao extremismo político. Tanto se aplicou ao extremismo de esquerda da União Soviética de Stalin, da China de Mao Zedong e da Cuba de Fidel Castro, quanto às doutrinas direitistas Nazista e Fascista, ao Franquismo da Espanha e ao Integralismo brasileiro.
Resumindo, nada de bom seja qual for o lado observado.

Este é o motivo da indignação pela aceitação tão fácil, digestível, de extremistas. Ninguém deveria compartilhar, muito menos de orgulhar de ser extremista. É vergonhoso e desrespeitoso.

O movimento de direita precisa de urgente reformulação, de sangue novo e redirecionamento. O viés extremista é poderoso, sim. Entretanto, não é duradouro exceto em contextos autoritários, quando, mantido à força, infelizmente mostra sua pior face. Repito, não importa se esquerda ou direita.

É preciso que novas lideranças moderadas surjam e que líderes atuais - fiéis ao ideário - que não compartilhem a intolerância, deem força aos movimentos de direita que representem anseios importantes da população. Não haverá espaço, em um futuro breve, para o político que se mantenha neste contínuo – e cansativo – ataque às instituições, às urnas, à esquerda, a tudo.

Quando tempo levará para que parcela relevante dos simpatizantes de direita no Brasil percebam que os EUA não são aliados e agem em agenda própria? Aparentemente, apenas Silas Malafaia percebeu que bater continência à bandeira americana é mau negócio.

Inexiste polarização

O ponto é que, para existir polarização, deve haver dois polos e não há hoje no país, movimento relevante de extrema-esquerda.
É fácil chegar a esta conclusão: basta analisar a esquerda pela mesma ótica. Assim, embora se possa discordar de todo o conteúdo esquerdista, não se pode afirmar que existe ataque às instituições ou negueção de resultado de eleições. Fernando Haddad, candidato derrotado, felicitou Jair Bolsonaro publicamente e retornou às aulas na Universidade onde lecionava.

E sendo assim, o extremismo, que está em inegável processo – lento é verdade - de queda de popularidade, movimento mensurável nas pesquisas e visível nas manifestações, seguirá, sem dúvida, para o destino de se tornar parcela minúscula do universo político da direita, como se tornou parcela insignificante e relegada – embora ainda exista – da política de esquerda.

Referências:

[1] https://www.dicio.com.br/extremista/

[2] Movimentos sociais que tiveram início na Tunísia em dezembro de 2010 e rapidamente se espalharam pelo norte da África e Oriente Médio, envolvendo países como Egito, Líbia, Iémen e Síria entre outros.

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